Período de altos e baixos, o Corinthians passou por crises, levou goleadas, se profissionalizou, conquistou o seu terceiro “Tri” e enfrentou longo jejum de nove anos sem títulos paulistas, mas com quatro da Taça São Paulo.
De 1931 a 1934: A Primeira Crise Corintiana e a Profissionalização do Futebol
O ano de 1931 ficou marcado pelo início da primeira crise corintiana. Nesse ano, o Corinthians perdeu importantes jogadores para o futebol italiano: o zagueiro Del Debbio e os atacantes Filó, Rato e De Maria foram para a Lazio, de Roma, que foi apelidada, na época, de Brasilazio, e o clube contratou jogadores de pouca ou de nenhuma expressão: Chola, Boulanger e Gallet (já ouviu falar em algum deles?).
Nesse ano o Palestra Itália, o Santos e o São Paulo disputaram o campeonato, que foi definido apenas na última rodada. O então São Paulo da Floresta, que liderava o campeonato permitiu que os outros dois encostassem após empatar, na antepenúltima rodada, com o lanterna Germânia, mas manteve a liderança no jogo seguinte com a vitória de 2 a 1 contra o Sírio e sagrou-se campeão, no último jogo, contra um Corinthians fraco, que já havia levado a goleada histórica de 8 a 0 contra o Palestra Itália, 6 a 0 contra o Santos e 6 a 1, do próprio São Paulo e, nesse último jogo, outra goleada: 4 a 1. Detalhe: em todas elas o Corinthians tinha mando de campo. Nesse ano, com apenas um ano de fundação, o São Paulo conquistou seu primeiro título e ficamos apenas com a sexta colocação, a pior desde a sua fundação, o que levou os torcedores, revoltados, a queimar a sede do clube e provocou o pedido de demissão em massa da diretoria.
No ano seguinte, outra decepção: cinco vitórias, seis derrotas e novamente a sexta colocação. Nesse ano, devido a Guerra Civil da Revolução Constitucionalista, o campeonato foi encerrado ao término do primeiro turno, beneficiando nosso maior rival, o Palestra Itália, que foi declarado campeão daquele ano, e gerou muitos protestos, principalmente por parte do vice São Paulo, que via chances de alcançá-lo no segundo turno. Esse também foi o último Paulistão amador.
O profissionalismo do futebol, que vinha numa crescente sem volta e acabou por chegar de vez em 1933, fez com que, entre esse ano e o seguinte, o Corinthians – que já havia crescido muito e não podia ficar de fora – contratasse o seu primeiro técnico profissional, o uruguaio Pedro Mazzulo. Nessa época também surgiram dois dos mais importantes atacantes da história do Timão, Zuza e Teleco, mas o desempenho ainda estava aquém do desejado por seus torcedores. Ainda inferior aos rivais Palestra Itália, São Paulo e Portuguesa, o máximo que o Corinthians conseguiu foi a quarta posição nos Paulistões de 1933 e 1934, com o Palestra Itália vencendo ambos e se tornando tricampeão e o São Paulo como vice nos dois anos. O consolo alvinegro foi acabar com um incômodo jejum de vitórias sobre o maior rival, o Palestra Itália: o Corinthians estava sem vencer os palestrinos por 12 jogos (11 derrotas e apenas um empate), entre 4 de maio de 1930 e 5 de agosto de 1934, mas no dia 30 de setembro de 1934, o Corinthians quebrou esse tabu com uma vitória por 2 a 0 sobre o rival.
De 1935 a 1939: A Redenção com o terceiro Tri
Em 1935, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), era contra a profissionalização do futebol brasileiro, resolveu lutar para enfraquecer a Apea e a Liga Carioca de Futebol, as primeiras a aderir o profissionalismo. Tentando combater a CBD, em São Paulo foi criada a Federação Brasileira de Futebol (FBF), mas a CBD ofereceu várias vantagens aos clubes que a acatassem, dentre elas amistosos internacionais, que a FBF não podia oferecer, o que fez com que, no Rio de Janeiro, o Vasco da Gama e em São Paulo Corinthians , Palestra Itália e São Paulo passassem a apoiar a CBD e os trio paulista se imporem contra a FBF e a Apea. Nesse ano, Corinthians e Palestra Itália fundaram Liga Bandeirante de Futebol (LBF), que mais tarde passou a se chamar Liga Paulista de Futebol (LPF), e organizaram um campeonato paralelo ao da Apea com a adesão do Santos e do São Paulo.
Apesar da grande melhora da equipe, no campeonato de 1935, o Corinthians não passou da terceira colocação, ficando o Santos com o título e o Palestra Itália como vice da LPF, o São Paulo desistiu de disputar o campeonato para disputar apenas o torneio Início. O artilheiro desse ano foi Teleco com 9 gols.
Pela Apea, o campeão foi a Portuguesa e o Ypiranga foi o vice. No ano seguinte, o Corinthians venceu o primeiro turno e manteve uma invencibilidade de 36 jogos, mas perdeu uma melhor de três para o Palestra Itália por 1 a 0, 0 a 0 e 2 a 1, terminando a competição como vice do rival palestrino. De volta ao campeonato, o São Paulo amargou apenas uma oitava colocação. O artilheiro da competição foi novamente o corintiano Teleco, com 28 gols.
No ano de 1937, o espanhol Manoel Correcher assumiu a presidência do clube, o Corinthians foi campeão pela primeira vez como profissional e, pela terceira vez Teleco foi o artilheiro, com 15 gols. Além dele, se destacaram no Timão o zagueiro Jaú, o meio campo Augusto Brandão (ambos integraram a Seleção Brasileira no ano seguinte, no Mundial da França) e o veterano ídolo corintiano Filó, que retornou depois de anos na Lazio. O vice foi o Palestra Itália.
No ano seguinte, invicto, o Corinthians liderava o campeonato com dois pontos de vantagem sobre o vice líder São Paulo e ambos se encontraram na última rodada. No domingo, aos 21 minutos do primeiro tempo, o jogo foi interrompido por causa das fortes chuvas que caíram na capital paulista, com o São Paulo ganhando o jogo pelo placar de 1 a 0. Dois dias depois, após o recomeço da partida o Corinthians empatou com um gol de Carlito e conquistou o bicampeonato em 1938, restando como consolo ao vice São Paulo, a sua primeira artilharia com 13 gols do seu atacante Elyseo Siqueira. Em 1939 o Corinthians sagrou-se pela terceira vez Tricampeão Paulista (feito que nenhum outro clube paulista conseguiu igualar até hoje), teve seu rival Palestra Itália como vice e Teleco voltou à artilharia, com 32 gols.
De 1940 a 1950: Inauguração do Pacaembu e Longo Jejum
O ano de 1940 marca inauguração do Pacaembu, Estádio que o Corinthians passou a utilizar em mandos de jogo, já que o Parque São Jorge se tornara pequeno para abrigar a sua crescente torcida. Porém nesse ano, o Corinthians amargou um quarto lugar, tendo o Palestra Itália como campeão, a Portuguesa como vice e o Ypiranga na terceira colocação.
No campeonato de 1941 o Corinthians conquistou seu último Campeonato Paulista da década de 1940, que só não foi novamente de forma invicta, por sofrer uma derrota, na última rodada, contra o Palestra Itália. A partir daí, um jejum de nove anos, amargando cinco vice campeonatos nos anos de 1942, 1943, 1945, 1946 e 1947, uma terceira colocação em 1944 e uma quarta posição em 1948.
Com esse jejum, o Timão teve que se consolar com a conquista dos títulos de 1942, 1943, 1947 e 1948 da Taça São Paulo, um torneio que reunia os três primeiros colocados do ano anterior. Esse torneio, que foi disputado entre os anos de 1942 e 1952, teve o Corinthians com cinco títulos (além dos quatro, o último, em 1952), o Palmeiras com quatro (1945, 1946, 1950 e 1951), o São Paulo com um (1944) e o Santos um (1949). O Corinthians ficou com a posse definitiva da taça após a sua última edição.
"O Corinthians é o time do povo e é o povo quem vai fazer o time"
Miguel Bataglia
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