PARA ME ENTENDER

A minha OPINIÃO é ESQUERDA e VERMELHA. ESQUERDA por ser contrária a toda forma de dominação, de imposição, opressão, discriminação, toda forma contrária aos interesses da maioria, aos interesses da natureza. VERMELHA em homenagem às ideias e aos idealistas contrários ao capitalismo e ao sangue injustamente derramado: sangue inocente, sangue justo, sangue prudente, sangue que corre nas veias e artérias de todo humano que respira, sonha, sofre e padece nas mãos de seu predador... seu semelhante, o próprio HOMEM. Deixo aqui minha humilde homenagem aos meus heróis: Sócrates (O Pai da Filosofia), Sidarta Gautama (O Buda), Mahatma Gandhi, aos Mártires de Chicago, Martin Luther King, Ernesto Rafael Guevara de la Serna (Che Guevara), Carlos Lamarca, Chico Mendes, John Lennon, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Renato Russo, Cazuza, ao eterno Raul Seixas e, acima de tudo e de todos, ao inspirador de todos nós, JESUS CRISTO!















segunda-feira, 2 de abril de 2012

Guerra das Malvinas: 30 anos

Há exatos trinta anos se iniciava a Guerra das Malvinas. Por que ela aconteceu? Quais são os interesses de britânicos e argentinos sobre as ilhas? Onde elas se localizam? A quem elas pertencem? Para compreendermos essa guerra, é preciso conhecer a história, a localização e o que essas ilhas têm a oferecer.



A HISTÓRIA

Distante 550 km do litoral argentino e 12.800 km da Grã Bretanha, as Ilhas Malvinas tiveram sua primeira base naval em 1764 na parte oriental, fundada pelo capitão de fragata francês Louis Antoine de Bougainville, que a chamou de “Íles Malouines” e tentou colonizá-las. No ano seguinte, o britânico John Byron estabeleceu outra base naval na parte ocidental. Um ano depois, em 1766, a França vendeu sua base para a Espanha e, esta última, declarou guerra contra a presença britânica nas ilhas. No ano seguinte, decidiram que a parte oriental ficaria sob domínio espanhol e a parte ocidental sob controle dos britânicos.

Louis Antoine de Bougainville - Fonte: wikipédia

Durante as lutas de independência na América do Sul, os espanhóis abandonaram as ilhas, que assim permaneceram entre 1811 e 1820, quando a Argentina enviou mercenários estadunidenses para a sua reocupação e, em 1827, enviou colonos. Em janeiro de 1833 os britânicos retomaram as ilhas e a Argentina passou a reivindicá-las desde então. Um grupo de nacionalistas argentino pousou com um DC4 sequestrado e declarou que as ilhas haviam sido reconquistadas, mas foram dominados pelos britânicos.

Esse foi o conjunto tenso de acontecimentos que antecederam a invasão das Ilhas Malvinas, sob domínio britânico, e contribuiu para deflagrar o conflito que ficou conhecido como “Guerra das Malvinas”.


A IMPORTÂNCIA DO ARQUIPÉLAGO

No passado, as ilhas foram um importante posto de caça de baleias, mas essa prática dizimou diversas espécies de baleias e reduziu a sua importância, mas não o interesse por elas, principalmente:
  • por questão de orgulho e credibilidade nacional, tanto para Argentina quanto para Reino Unido;
  • por direitos sobre a Antártica em futuras negociações;
  • pela posição estratégica sobre o cruzamento austral e seu tráfego marítimo;
  • pela existência de petróleo próximo às Malvinas.


O PLANO, A PREPARAÇÃO E O INÍCIO DA GUERRA

A Operação Rosário, como foi denominada pela Junta Militar argentina, visava tomar as ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, através de uma série de ações de crescente intensidade, vindo do Leste para o Oeste. A ideia era iniciar da maneira mais discreta possível e terminar com a tomada das ilhas Malvinas. O governo argentino comprou e transportou armas e munições da África do Sul, Israel e Líbia através de vôos secretos em aeronaves civis modificadas da empresa Aerolíneas Argentinas com o objetivo de reforçar seu estoque bélico.

Em 1977, a Armada Argentina já havia estabelecido a estação científica Corveta Uruguaya na ilha Morrell, no arquipélago das ilhas Sandwich do Sul, causando repercussão na imprensa argentina mas considerada irrelevante pelo Reino Unido. Em 1979, o negociante argentino Constantino Davidoff, adquiriu os direitos sobre três antigas estações baleeiras na ilha Leith, do arquipélago Geórgia do Sul. Esse arquipélago era habitado apenas por cientistas britânicos dirigidos por Steve Martin, na ilha Grytviken, cerca de 40 km de Leith.

A embaixada britânica ainda permitiu que Davidoff fizesse um porto para exercer seu negócio com 41 trabalhadores (dentre os quais havia, secretamente, mergulhadores da tropa de elite da Marinha Argentina), mas ele deveria se apresentar a Martin sempre que atracasse nas ilhas Geórgia do Sul. Davidoff, além de não se apresentar a Martin, os seus “trabalhadores” ainda hastearam a bandeira argentina no local. Um dos cientistas informou-lhes que em solo britânico, eles deveriam observar certas normas e os argentinos retiraram a bandeira por não ter chegado o momento do confronto. Esse foi apenas um dos incidentes que levaram os habitantes da Geórgia do Sul a perceber que a guerra era iminente, porém em Londres, apesar dos avisos, tudo isso foi ignorado.

Sob o pretexto de realizar algumas manobras com a frota do Uruguai, em 26 de março de 1982, uma força naval argentina partiu para as Malvinas. No dia 29, fuzileiros navais argentinos saíram rumo a Leith e ali permaneceram. Somente no dia seguinte é que a inteligência britânica se deu conta da iminência de uma operação militar argentina sobre as Malvinas e avisou ao governadore Rex Hunt que a ameaça era real e que esperava a invasão para o dia 2 de abril. Para a defesa das ilhas, Hunt reuniu as poucas tropas disponíveis e, na véspera da invasão, apagaram o farol e inutilizaram o aeroporto e seus radares. Ás 21 horas de 1º de abril, 92 mergulhadores táticos argentinos deixaram o destróier em que se encontravam em 21 embarcações de assalto, a 500 metros de Mullet Creek, um pequeno rio no oriente das ilhas Malvinas, e ali desenbarcaram às 23 horas. No mesmo horário, foram enviados outros 10 mergulhadores táticos de um submarino para a colocação de boias de radionavegação, que foram detectados pelo radar de navegação do navio costeiro Forrest. Era o início da guerra.


A GUERRA

Mapa com a rota marítima britânica – Fonte: wikipédia

No dia 2 de abril, à 1h30, os argentinos se dividem em dois grupos, um para atacar os acampamentos de infantaria da marinha britânica e o outro para tomar o Palácio do Governador e capturá-lo. De sobreaviso, os britânicos evacuaram os acampamentos e se colocaram em posição de combate para defender as ilhas. O primeiro grupo atacou os acampamentos britânicos às 5h45, mas logo percebeu que estavam vazios. O outro grupo cometeu um erro na tentativa de tomada da residência do Governador e seu comandante se tornou a primeira vítima da guerra.

Às 6h20, uma companhia de fuzileiros argentinos chega em terra e segue para tomar o aeroporto e sofre o primeiro ataque dos fuzileiros britânicos. Os britânicos, em menor número, cogitam dispersar pelo interior para formar uma guerra de guerrilha, mas desistem por não fazer sentido com forças tão pequenas e o governador Hunt acaba se rendendo. Os 22 fuzileiros britânicos das ilhas Geórgia do Sul só aceitaram a rendição após enfrentarem e causarem baixas aos argentinos no dia 3 e, após o meio dia, os argentinos fincaram bandeira nos três arquipélagos as manifestações de alegria se fizeram por toda a Argentina.

No mesmo dia 3 de abril, o Reino Unido conseguiu fazer com que a ONU aprovasse a resolução 502, exigindo que a Argentina retirasse suas tropas dos arquipélagos ocupados como condição prévia para negociações. O Reino Unido rompeu as relações comerciais com a Argentina e obteve maior êxito que seus inimigos na busca de aliados diplomáticos. Com relações cortadas, o Peru passou a representar a Argentina no Reino Unido e a Suíça, o Reino Unido na Argentina. Em 9 de abril, a Grã Bretanha passou a contar com pleno apoio da Comunidade Econômica Européia, da OTAN e da ONU.

Apesar de nenhuma das partes ter declarado guerra oficialmente, o mundo assistiu a um confronto que causou desconfortos. Os Estados Unidos tiveram que optar por um dos dois aliados e escolheram o Reino Unido, o que provocou críticas vindas da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e de Cuba, pelo abandono do mais fraco e por romper com o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR); o Chile também rompeu seu compromisso com o TIAR e optou por apoiar os britânicos.

A Guerra das Malvinas se prolongou por quase dois meses e meio, até o dia 14 de junho de 1982, e deixou um saldo de 907 mortes, 1.845 feridos e 11.428 presos. Do lado argentinho, de maior proximidade das ilhas, foram 649 mortos, 1.068 feridos e 11.313 presos; já do lado britânico, de superioridade tecnológica, foram mortos 255 soldados e 3 civis, 777 feridos e 115 prisioneiros. As perdas materiais estão dispostas na tabela abaixo:

Argentina
Reino Unido
1 cruzador
2 destróieres
1 submarino
2 fragatas
4 cargueiros
2 navios logísticos de desembarque
2 barcos patrulha
1 navio porta containeres
1 traineira para espionagem
24 helicópteros
25 helicópteros
10 caças
35 caças

2 bombardeiros

4 aviões de carga

25 aviões de ataque ligeiro

9 traineiras armadas


Desde 1833, O domínio britânico sob arquipélago Reino Unido vem desde 1833, mas a Argentina vem reclamando a sua posse desde então, considera essa ocupação ilegal e as ilhas como parte da Terra do Fogo, Antártica e das Ilhas do Atlântico Sul, conseguindo junto à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1965, a aprovação da resolução 2065 que qualifica essa disputa como um problema colonial, mas com poucos progressos nas negociações para uma solução pacífica.

Em 1982, como o Brasil, a Argentina sofria uma ditadura militar. Nessa época, a Argentina vivia uma tensão social e uma crise econômica com inflação de 90% ao ano, profunda recessão com empobrecimento da classe média e salário cada vez mais baixo, endividamento externo das empresas e do Estado, entre outros. Nesse contexto, o governo considerava a questão das Malvinas como ponto central para a estrutura ideológica, e a crise econômica, social e política levou à decisão de invadir as ilhas, afim de recuperar o crédito entre os setores sociais sensíveis ao discurso patriótico de retomada da soberania sobre as Malvinas.  A decisão da invasão se apoiou em três pontos principais:
  • a guarnição britânica era reduzida na região e a distância impediria a chegada de reforços vindos do Reino Unido;
  • a capacidade britânica de guerra anfíbia não parecia estar à altura destas circunstâncias;
  • não parecia provável que o Reino Unido estaria disposto a um contra ataque de grande porte.

Porém, a Junta Militar argentina desconsiderou alguns elementos essenciais para a tomada de tal decisão:
·
  • a existência de diversos conflitos de fronteiras no mundo e a comunidade internacional não apoiaria uma ação violenta que poderia desencadear várias guerras regionais em todos os continentes; 
  • em plena Guerra Fria, os Estados Unidos ligavam maior importância à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), concebida para deter a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); 
  • sua ditadura de extrema direita jamais teria apoio da URSS, de qualquer país socialista ou da maioria das democracias ocidentais, por causa da opinião pública internacional, conhecedora de graves violações dos Direitos Humanos cometidas pela Junta Militar argentina; 
  • as estreitas relações entre Estados Unidos e Reino Unido; 
  • o Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto; 
  • a importância da manutenção dos territórios coloniais para a credibilidade do Reino Unido; 
  • 1982 era um ano eleitoral no Reino Unido, e esse era um momento em que uma invasão não seria resolvida em negociações diplomáticas, pois um fato humilhante como este teria efeito eleitoral negativo aos detentores do poder britânico; 
  • a Armada britânica foi por vários séculos a mais poderosa do mundo, e seu potencial e habilidade não se perdem de uma hora para outra.
Foi com essa análise equivocada que o governo argentino articulou a “Operação Rosário” com o objetivo de recuperar a soberania das Malvinas e a tomada dos arquipélagos de Geórgia do Sul e Sandwich do Sul.



OPINIÃO

Sou avesso à guerra e à injustiça. A guerra, por si só, já é uma das formas mais injustas e covardes. No presente caso, o governo argentino invadiu um território sob domínio britânico e acabou provocando uma guerra que vitimou não só as pessoas constantes nas estatísticas, mas também seus familiares que perderam seus entes queridos. Porém a pior das injustiças reside no fato de que os interesses envolvidos numa guerra, nunca são o do bem estar de uma determinada população, embora sempre se use esse argumento, mas sempre, ou quase sempre, em interesses políticos e econômicos.

Considerando a distância entre os arquipélagos e as duas nações, é lógico pensar que, naturalmente, as ilhas envolvidas deveriam pertencer à Argentina. Reforça e legitima as pretensões do país sul americano, o fato de que o Reino Unido, entre os anos de 1811 e 1833 as desprezou, voltando a ter interesse somente quanto o país sul americano tentou colonizá-las.

Um outro fato digno de ser taxado de covardia, é a submissão da ONU frente os interesses britânico, estadunidense e israelense. Por 17 anos, desde a aprovação da resolução 2065 em 1965 até a invasão argentina, qual foi o progresso da disputa pelo arquipélago das Malvinas? Porém, bastaram algumas horas de invasão de um país “terceiromundista”, para que a submissa organização aprovasse a resolução 502 exigindo que a Argentina retirasse suas tropas dos arquipélagos ocupados como condição prévia para negociações. O Reino Unido retomou os arquipélagos em apenas pouco mais dois meses, já se passaram mais 30 anos do início dessa guerra e qual foi o progresso das negociações? Ou melhor, houve alguma negociação?

Alguma vez a ONU agiu da mesma forma contra Estados Unidos, Israel ou Reino Unido? Quando os estadunidenses descumpriram as determinações da ONU após o 11 de setembro ou na invasão ao Iraque, houve alguma represália? Ou diante tantas arbitrariedades cometidas pelos israelenses contra os palestinos, alguma vez a ONU se manifestou da mesma forma que fez contra a Argentina? Mas contra o Irã, só pela suspeita de que esteja com um programa nuclear com fins bélicos, dá ultimatos para que se fiscalize as suas instalações.

Se Estados Unidos, Inglaterra, Israel e tantos outros países a eles aliados possuem armas nucleares, por que as outras nações também não podem ter e equilibrar as forças?

“É porque Irã, Iraque, e qualquer outro país a eles ligados pertencem ao ‘eixo do mal’, são ‘terroristas’ e seriam capazes de usar essas armas contra nós, que somos do bem.”

Conversa fiada! O interesse é outro: é político e econômico. Até porque os Estados Unidos são os únicos que já fizeram uso desse armamento até hoje, e ninguém ousa enfrentá-los exigindo que eles se desarmem, pois sabem que eles sim, são capazes de usá-los, como já demonstraram que o são, vitimando milhares de inocentes civis, que em nada contribuíram para a guerra, mas sofreram as consequências de pertencerem a uma nação que ousou ser contra eles. E já reparou em quem é membro permanente da ONU e tem poder de veto?

É como cantou Zé Geraldo, na década de 1980: “Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos...”